MARCELO MOSCHETA

A pedra é uma imagem. A pedra é um arquivo. O circuito mais estreito entre o objecto e a memória conduz a um ponto de indiscernibilidade constituído pela coalescência das imagens, das temporalidades distintas. No entanto, a indiscernibilidade do presente e do passado, real e ficcional, é característica de algumas imagens existentes, as quais são duplas por natureza. Imagem cristal. Imagem especular que atravessa a linha do tempo para sair do outro lado. Reverberando a cada instante.

Aqui, pode fazer-se uma relação com o arquivo. Este, segundo Jacques Derrida, é mais do que uma coisa do passado; antes disso, deve equacionar o por vir. Tal ocorre igualmente com a noção de imagem cristal, na qual o presente, o passado e o futuro coexistem e se cristalizam — configurando um circuito que nos leva de um a outro. Em loop. Imagens que são uma e outra coisa. Tempos que são uns e outros. Tempos duplos. Imagens duplas. Pedras duplas.

MARCELO MOSCHETA

The stone is an image. The stone is an archive. The most intimate circuit between object and memory leads to a state of indiscernibility formed by the coalescence of images, of distinct temporalities. However, indiscernibility between present and past, real and virtual, is characteristic of some existing images, which are naturally dual. We approach the concept of the crystal-image. These are specular images, due to the differentiation between the real and the virtual: each image displays its mirrored reflection, either in the present, in the past, or moving towards the future.

A connection can be made here with the archive. According to Jacques Derrida, rather than a thing of the past, it should relate to the future. This also happens with the notion of the crystal-image, in which present, past, and future coexist and crystallise—configuring a cycle that leads us from one to the other. Loop. Images that are one and the other. Times that are one and other. Double times. Double images. Double stones.
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