«Peso», do latim «pondus», define um corpo de qualquer carga determinada, produto da massa de um objecto. O peso, enquanto característica da matéria, é aquilo que faz a forma existir, e assim se estabelece uma relação de dependência entre matéria e forma na qual o peso é o ponto intermédio. E, se a gravidade é o princípio da construção, é pelo gesto que lhe acedemos. Em Gestes d’air et de pierre. Corps, parole, souffle, image (2005), diz-nos Georges Didi-Huberman que matéria e ar sabem perfeitamente encontrar-se, ativando uma espécie de espaçamento ou silêncio que evidencia a relação dialéctica entre a transparência (imaterialidade ou ausência) e a opacidade (materialidade ou presença). Resta-nos resgatar a leveza e o fôlego do gesto — o mesmo que permite este encontro improvável no fundo da imagem. Da intersecção entre pedra e luz (ar) resulta uma espécie de ponto cego na direcção do qual todas as imagens parecem imergir. Diante-dentro.