HENRIQUE PAVÃO

«Peso», do latim «pondus», define um corpo de qualquer carga determinada, produto da massa de um objecto. O peso, enquanto característica da matéria, é aquilo que faz a forma existir, e assim se estabelece uma relação de dependência entre matéria e forma na qual o peso é o ponto intermédio. E, se a gravidade é o princípio da construção, é pelo gesto que lhe acedemos. Em Gestes d’air et de pierre. Corps, parole, souffle, image (2005), diz-nos Georges Didi-Huberman que matéria e ar sabem perfeitamente encontrar-se, ativando uma espécie de espaçamento ou silêncio que evidencia a relação dialéctica entre a transparência (imaterialidade ou ausência) e a opacidade (materialidade ou presença). Resta-nos resgatar a leveza e o fôlego do gesto — o mesmo que permite este encontro improvável no fundo da imagem. Da intersecção entre pedra e luz (ar) resulta uma espécie de ponto cego na direcção do qual todas as imagens parecem imergir. Diante-dentro.

HENRIQUE PAVÃO

“Weight” defines a body of a certain load, the product of the mass of an object. Weight, as a characteristic of matter, is what makes form exist, establishing a relationship of dependence between matter and form in which weight is the intermediary. While gravity is the principle of construction, it is through gesture that we access it. In Gestes d’air et de pierre. Corps, parole, souffle, image (2005), Georges Didi-Huberman argues that matter and air come together perfectly in sculpture, activating a kind of spacing or silence that demonstrates the dialectic relationship between transparency (immateriality or absence) and opacity (materiality or presence). It is up to us to rescue the lightness and heart of gesture—that which allows for this improbable encounter in the depth of the image. The intersection between stone and light (air) results in a kind of blind spot towards which all the images seem to merge. Front-inside. FRONT-WITHIN.

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