As imagens que olhamos não são apenas as que podemos conceptualizar distintamente, mas também as imagens poéticas que são originadas pela montagem, pelo movimento (des-locamento), pelo corte, pela pausa. O sistema de diferenciação entre as imagens, o interstício que as separa, faz surgir um “terceiro”. Essa imagem, imprevisível, surge-nos como fenómeno, acontecimento. A imagem acontece. A imagem torna-se imensurável, e imensuráveis tornam-se também as relações que se fundam, porque é o tempo que aqui importa e que se torna matéria. E é, assim, na multiplicação de legibilidades que a imagem ressoa, tornando-se única (e particular) a cada nova leitura (encontro). Em função deste processo de dissemelhança (que Deleuze explana na identificação de uma espécie de terceira imagem) entendemos que a revelação da metáfora acontece na diferenciação, ou seja, no intervalo.
Esta imagem intersticial vem ao encontro do espectador. A cada flash. Imagem a imagem. Corpo a corpo. Aurora.
The images we look at are not only those that we can distinctly conceptualize, but also the poetic images that are originated by montage, by movement (displacement), by cutting, by pause. The system of differentiation between the images, the interstice that separates them, gives rise to a “third”. This image, unpredictable, appears to us as a phenomenon, an event. The image happens. The image becomes immeasurable, and the relationships that are founded also become immeasurable, because it is time that matters here and that becomes matter. And it is, therefore, in the multiplication of legibility that the image vibrates, becoming unique (and particular) at each new reading (encounter). Due to this dissimilarity process (which Deleuze explains in the identification of a kind of third image) we understand that the revelation of the metaphor happens in the differentiation, that is, in the interval. This interstitial image comes, as we said before, to the spectator. At every flash. Image by image. Body to body. Aurora.
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