CELEIRO DA PATRIARCAL
A fotografia tem e teve um papel fulcral na construção da representação da realidade. É, não só mas também, através da mediação fotográfica que construímos um reportório de perceções que temos dos lugares, das pessoas, das experiências e memórias. As imagens são um ponto de entrada para esse arquivo pessoal que cada um de nós coleciona.
Quais são, no entanto, os limites de perceção das imagens? Muito antes dos algoritmos da inteligência artificial, a plausibilidade das imagens sempre nos seduziu. Mesmo quando aceitamos tacitamente, nesse jogo de sedução, que a fotografia é também veículo que legitima o engano, a manipulação, o equívoco e a ilusão.
As imagens da série Cadernos de Observação estão próximas de uma representação que reconhecemos dos cânones do rigor científico, mas que desconfiamos que a eles não lhes pertencem. Lugares ambivalentes, em simultâneo subjetivos e objetivos, sem escala, que sabemos não conhecer, mas que nos são familiares e tendemos a imaginar infinitamente distantes ou microscopicamente próximos.
Entre a deriva do desenho e o rigor da objetiva, o lugar destas imagens será sobretudo o da dúvida e da ambiguidade. Não pretendem substituir-se ao plano concreto das coisas, são uma suposição e, nesse lugar intermédio, reforçam um dos paradoxos que reconhecemos à fotografia desde há muito: a ferramenta que documenta e reproduz fielmente o mundo é também o instrumento que abre a porta à possibilidade de desconfiarmos das imagens.
Nasceu em Lisboa, 1976. É licenciado em Arquitetura e nos últimos anos desenvolveu um corpo de trabalho artístico que se centra sobretudo no âmbito da fotografia experimental, explorando fenómenos físicos da luz e investigando as possibilidades, as hipóteses e os limites da matéria e do médium fotográficos, muitas das vezes na proximidade com outras áreas disciplinares: da pintura e do desenho à escultura e instalação.
Em 2017/18 frequentou o curso de fotografia no Ar.Co – Centro de Arte & Comunicação e, no ano seguinte, o curso Projecto em Fotografia e Artes Visuais no Atelier de Lisboa.
Em 2019/20 concluiu a pós-graduação em Discursos da Fotografia Contemporânea, pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa.
Expõe o seu trabalho desde 2014 e participou em várias exposições individuais e coletivas.
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