CELEIRO DA PATRIARCAL
O título da exposição referencia a intrincada estrutura em forma de espiral do ouvido interno, responsável pela deteção de frequências sonoras, essenciais à perceção auditiva. Repleta de líquido no seu interior, a Cóclea contém pequenas células ciliadas que convertem as vibrações sonoras em sinais elétricos, posteriormente transmitidos ao cérebro através do nervo auditivo. Com efeito, o autor convoca o termo para aludir ao murmúrio das forças impercetíveis dos sistemas geológicos da Terra que operam acima e abaixo da superfície. Cóclea brota do combate entre a cegueira e a visão, o interior e o exterior, a escuridão e a clarividência, o humano e o inominável, o dia e a noite. Na escuridão, os olhos adaptam-se, os ouvidos aguçam-se e o que julgamos conhecer escapa-se-nos do entendimento. Os eventos que medeiam este projeto, muitas vezes desprovidos de contexto, potenciam uma nova forma de compreensão sensorial experimental. O autor, munido de instrumentos de deteção percorre bosques, rios e montanhas em busca das frequências subliminares que são habitualmente mascaradas pela cacofonia da atividade humana. Confrontado com o desconhecido é a fauna e a flora que informam da negação da ordem antropocêntrica do mundo, onde a convicção do humano, da singularidade do que somos é posta em causa. Cóclea, como prótese percetiva que amplia as capacidades de perceção humanas propõe uma experiência do real que transcende as estruturas de conhecimento tradicionais.
Porto, 1983. Licenciado em Fotografia pela Escola Superior de Tecnologia de Tomar – IPT, 2014. Doutorando pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Especialista na área de Audiovisuais e Produção dos Media – Fotografia desde 2024.
É professor adjunto na Licenciatura em Fotografia do Instituto Politécnico de Tomar, professor no curso de fotografia da ETIC (Lisboa) e no curso de fotografia do Centro de Estudos de Arte Contemporânea – Vila Nova da Barquinha. Cofundador da Associação de Fotografia Experimental – Tira-Olhos (Lisboa). Colabora regularmente com museus, instituições públicas e privadas realizando oficinas e workshops relacionados com fotografia e processos de impressão fotográficos experimentais.
Expõe regularmente desde 2012. Destacado pela EMERGE em 2024 como um dos artistas emergentes do ano.
Vive e trabalha entre Lisboa e Tomar onde investiga e desenvolve trabalho autoral na área da fotografia.
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